terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Evoé, Baco!



Intróito


Furor indômito, obscuro,
Discípulo do sábio Sileno,
Rebento de Zeus soberano;
Tu afrontaste toda moral
E rompeste todo grilhão.

Adoração plena do êxtase,
Manifestação do excesso
E essência do sublime.

Sentimento de irrestrita
Afirmação e absoluta
Desindividuação.

Louvado seja!!!


Rapsódia I

Rasgo a lúgubre noite
Que adornada pela lua
Opulenta e sangüínea,
Evoca sonhos esquecidos
Enchendo-me de excitação
E expectativa acerca do porvir.

Adentro uma exuberante ermida
Onde brumas irrompem lentamente
E inicio o extático e lisérgico rito
Envolvendo ervas e cogumelos.

Distante do Ideal Ascético
E da insídia do Ressentimento,
Bem como da Má-Consciência,
Maximizo meus sentidos
Tornando meu organismo
Substrato da Sexualidade
E concomitantemente,
Provocando uma postura
Subversiva e erótica
Contra a sobre- repressão.


Rapsódia II

Respondo ao irresistível clamor
Que do limiar do Real com o Simbólico
Testa minha aspiração pelo infinito
Abrindo as portas da percepção
E demandando a asserção
Absoluta e extática da Vida,
Imergindo-me na transversalidade
Constitutiva dos acontecimentos
Ao tornar o ato de conhecer
Um processo semiótico contínuo.

Destarte, vivo a sina de Prometeu
Ao vergastar o delírio metafísico
Infundindo eloqüente ilustração
Aos domínios do Inconsciente.

Por fim, farto do Status Quo,
Vivo, exultante, a morte Dele
E num paroxismo de Prazer,
Faço da crença, Suspeição,
Do maniqueísmo, Diversidade
E do ilusório espírito, Corpo.


Rapsódia III


Altipotentes e fecundos impulsos
De superação, domínio e expansão;
Sois antídoto ao veneno do niilismo
Por induzir ao limite meu poder.

Exerço, de tal modo, o Desejo,
Que este, rumo à transvaloração,
Enriquece e liberta meus juízos
Abismados em inúteis aporias
E, num genuíno fenomenalismo,
Perspectivo tudo o que alcanço.

Por fim, domestico meus demônios
Ao potencializar minha Vontade,
Que, soberana, feroz e intrépida,
Escapa do suplício de Tântalo
Imergindo-me na pura imanência
De uma experimental e empírica
Arqueologia de sentidos e valores,
Engendrando um entendimento
Profundo, intenso e materialista
Da inescapável tragédia humana.

Um comentário:

David Monsores disse...

E aew kra!!
Como vai??
Kramba, ta D++ o blog, estava lendo aqui e vi um misto de psicanálise e Intróitos e Rapisódias de filósofos gregos.
A maneira como dissertou a poesia, tornou tal mistura homogênea e muito original!
Eu a chamaria de arte erudita LIBERTÁRIA!
Ao mesmo tempo vi que preciso estudar Mitologia grega e filosofia!! hehehe!
Parabéns Cerqueira, mandou muito!!